domingo, 31 de outubro de 2010

Para memória futura

Quando em 1982 Pinto da Costa assume a presidência do FCP, poucos ousariam antever 1/10 do que aconteceria daí para diante. Tendo com objectivo alcançar a hegemonia do futebol em Portugal para poder triunfar além fronteiras, PC elabora uma estratégia de combate ao maior clube português, contando para tal com a ajuda da Associação de Futebol do Porto e de outras aliadas. Durante anos a fio assistimos à tomada de assalto dos órgãos federativos mais importantes (arbitragem, disciplina, justiça) pela Associação de Futebol do Porto, Braga, etc. Quando PC falava nos órgãos de comunicação social era sempre com "fina ironia"; quando insultava os habitantes do Mondego para baixo, estava a dar voz aos oprimidos do centralismo. Era a estratégia da vitimização de uma região perante as outras e de um clube, dessa mesma região, perante os clubes da capital. No fundo, PC fechou o seu clube perante as ameaças do inimigo externo. Para completar esta estratégia era preciso criar um ambiente hostil aos "jornalistas menos simpáticos", aos árbitros, aos adeptos dos outros clubes, enfim, era preciso intimidar quem não estivesse alinhado. Com os anos a estratégia refinou-se. Passou a contemplar empréstimos de jogadores e colocação de treinadores em determinados clubes que em troca cediam a sua independência de voto nos diversos órgãos decisórios e jornalistas avençados em vários órgãos de comunicação social. É claro que para o consumar da estratégia PC teve a extremosa colaboração de direcções incompetentes do Benfica e de uma linha programática sportinguista que, ao longo dos últimos anos, tem transformado o SCP no maior dos mais pequenos. Quando o Apito Dourado rebentou poucos portugueses foram apanhados desprevenidos. Toda a gente já tinha ouvido alguma história sobre os meandros do futebol em Portugal. Até já tinham sido publicados livros sobre a temática. Foi, no fundo, o consubstanciar de uma ideia de batota que circulava ruidosamente pelos estádios portugueses. Poderão os adeptos portistas argumentar que o clube também ganhou lá fora, mas, o que é certo, é que foi através da hegemonia criada intra-muros que o FCP conseguiu criar condições para poder vencer externamente. Foi a partir de presenças consecutivas na Liga dos Campeões que o FCP pôde aumentar gradualmente os seus orçamentos, seduzindo desta forma, os melhores jogadores para os seus planteis. Passados quase 30 anos PC pode orgulhar-se de ter ganho tudo o que havia para ganhar no aspecto desportivo mas, tenho dúvidas que algum dia venha a ganhar o respeito e o reconhecimento dos adeptos do futebol. Ainda é muito cedo para poder avaliar o seu legado. Certamente será necessário um maior distanciamento histórico. Quero,no entanto, referir que se o processo Apito Dourado coincidiu com o FCP de Mourinho (UEFA e Champions) e, mesmo assim, foi o que ouvimos nas escutas, então qualquer adepto em Portugal tem, neste momento, toda a legitimidade para deduzir que o mesmo ou pior pode ter acontecido nas épocas em que o FCP não esteve tão apetrechado ou em que a concorrência esteve melhor, podendo colocar em causa a justiça das suas conquistas.

sábado, 30 de outubro de 2010

Jornalistas no estádio, adeptos no estúdio

João Fernando Ramos

Jornal da Tarde, RTP, dia 30-10-10, jornalista João Fernando Ramos.
No lançamento da reportagem sobre o Sport Lisboa e Benfica - Paços de Ferreira, o jornalista diz o seguinte:
Benfica ganha o jogo com uma grande golo de Aimar e com um polémico penalti.
Se todos os jogos em que os penaltis (mesmo os que não foram polémicos) fossem apresentados desta forma, eu diria que até havia alguma coerência, assim, digo, apenas, que é mais um exemplo de mau jornalismo. Afinal, é mais uma pérola do Centro de Produção da RTP Porto, viveiro de directores de comunicação do FCP. Viva o jornalismo, viva a independência da informação!
Para finalizar um conselho: senhor jornalista para a próxima não leve a camisola azul e branca vestida; não condiz com a gravata.




O vídeo da vergonha



Afinal, consegui encontrar o vídeo da vergonha (melhor, de uma das vergonhas).

E assim se criaram campeões em Portugal.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um olhar sobre o plantel e a forma de jogar do Sport Lisboa e Benfica


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O esquema táctico apresentado traduz a forma como Jorge Jesus potenciou o plantel em situações ofensivas: recuando Javi Garcia para o centro da defesa e dessa forma avançando Fábio e Maxi para verdadeiros extremos, corrigindo, assim, uma carência do plantel em flanqueadores. Em situações defensivas tudo volta ao normal (avanço de Javi e recuo de Fábio e Maxi). No centro, Aimar, Gaitan, Carlos Martins e Saviola vão trocando de posições para baralhar as defesas contrárias. Os jogos menos conseguidos do Benfica, esta época, surgiram quando as equipas adversárias exerceram uma pressão muito forte na saída da bola pelos nossos defesas, o que me parece resultar da falta de um bom transportador de jogo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Golo anulado aos 90 minutos da 2ª mão da Supertaça de 1994/95

Uma vez que o FCP - Sport Lisboa e Benfica caminha rapidamente para o apito inicial, nada como recordar o maior "roubo", que eu pude presenciar ao vivo, num jogo de futebol.
No final desse jogo fiquei com 2 certezas:
  • Foi o último jogo que eu vi do Sport Lisboa e Benfica nas Antas/Dragão;
  • O Benfica para poder ganhar um jogo no Dragão tem que ser muito superior ao Porto (não basta ser superior).
Quero, ainda, referir que gostaria muito de colocar o vídeo, deste lance, anteriormente existente no youtube, mas por razões que eu desconheço e lamento, o vídeo foi retirado.

5 medidas para purificar o futebol português

  1.  Diminuição do número de equipas na 1ª liga (penso que os estudos realizados indicavam, como melhor opção, as doze equipas);
  2.  Proibição dos empréstimos de jogadores a equipas da mesma divisão (lembro que só é possível manter o actual número de equipas na 1ª liga devido aos empréstimos das equipas ditas grandes, com os problemas inerentes a esta situação, nomeadamente, desvirtuamento da competição;
  3. Limitação do número de jogadores sob contrato, por cada clube, de modo a evitar que os clubes grandes possuam autênticos monopólios;
  4. Controlo rigoroso das contas dos clubes;
  5. Promover a formação de uma estrutura europeia de árbitros que permitisse, aos mesmos, arbitrar nos diversos campeonatos, (como acontece nas provas da UEFA).


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pseudo-problemas (não comparência dos adeptos nos jogos fora e jogo a realizar em Angola).

Não vejo qualquer problema pela falta de unanimidade de opiniões no Benfica. Mal estaria qualquer instituição, seja ela clube, país ou outra coisa qualquer, se todas as decisões tomadas pelos órgãos decisórios tivessem que ser acompanhadas pela unanimidade da população em causa. O Sport Lisboa e Benfica tem direcções eleitas e com legitimidade para tomarem as decisões que no seu entender forem as mais adequadas para o clube. Cabe aos associados avaliarem o trabalho de gestão do clube nas eleições e cabe às direcções explicarem devidamente as suas opções. Penso que isto é linear. Em relação às situações em causa, não acompanho as opiniões daqueles que referem que a presença dos adeptos nos estádios seja uma crítica à direcção. Cabe a cada adepto, em função da informação cedida pela direcção, avaliar a sua escala de prioridades; isto é, cabe a cada adepto avaliar se, para si, é mais importante estar presente no estádio a apoiar a sua equipa ou faltar, e neste caso, castigar os clubes cujas direcções pactuam com a falta de decoro existente no futebol português. Na minha opinião, esta dicotomia de opiniões acaba por beneficiar o Benfica, visto que permite à equipa ter apoio nos estádios e, por outro lado, permite que os clubes visitados não tenham a receita que, porventura, esperariam ter. Em relação ao segundo aspecto, temos que ter em mente que, hoje em dia, os clubes mais importantes do mundo precisam desesperadamente de encontrar novos mercados para o desenvolvimento da sua marca. O mercado angolano surge, assim, como uma oportunidade de ouro (eu diria que, em qualquer altura da época desportiva). Com certeza que, a equipa técnica, irá encontrar o equilíbrio necessário na gestão do plantel e irá reduzir ao mínimo qualquer possível desvantagem desportiva. Em suma, na minha opinião isto são pseudo-problemas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Jornalismo de "berma de estrada"


Depois do "Roberto é uma besta", agora vem o "Roberto, afinal, é bestial".
Hoje, o jornalismo desportivo é uma porcaria, amanhã, porcaria será.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

7º aniversário da nova catedral

A catedral do maior clube do mundo!

Um olhar sobre as modalidades de pavilhão do Sport Lisboa e Benfica

Alguns pontos de reflexão:

  • Este ano, o Benfica vai, na minha opinião, lutar pela vitória em todas as nossas modalidades de pavilhão, o que, para os benfiquistas, é um motivo de orgulho;
  • Em relação ao hóquei em patins, considero que temos o melhor plantel e a melhor equipa técnica, pelo que a nossa vitória na supertaça não pode ser considerada uma surpresa. As contratações de Cacau, Luís Viana e Abalos, juntamente com o regresso do "grande" Paulo Almeida vão desequilibrar a balança a nosso favor. Gostaria, ainda, de realçar o despontar de João Rodrigues (presente e futuro do hóquei português) e de sugerir a contratação de um atleta promissor da formação sportinguista - Gonçalo Alves;
  • O futsal mudou, claramente, de rumo ao assumir a contratação de Paulo Fernandes. Embora o plantel não tenha mudado muito, a contratação deste treinador significou uma profunda transformação das escolas de formação. Para além disso, parece-me uma mais valia em termos tácticos a aquisição de Paulo Fernandes. A ver vamos como corre a época, mas as expectativas são as melhores;
  • No andebol, após um ano péssimo, só podemos melhorar. No entanto, temo que esta melhoria possa não ser suficiente para conquistar o título. Temos, na minha opinião, o melhor grupo de jogadores (basta ver as convocatórias da selecção nacional) mas o treinador quando comparado com o do FCP está a léguas de distância. Uma saudação especial para a incorporação de Luís Gomes na estrutura encarnada;
  • O voleibol representa, na minha opinião, a grande incógnita da temporada. O talento dos jogadores é inquestionável; temo, no entanto, pela adaptação de Gaspar e Flávio à nova realidade. É difícil mudar para uma nova cidade deixando para trás a família e a carreira a troco de um projecto desportivo. O êxito da época depende bastante da integração destes atletas.
  • Para o final deixei o basquetebol. Acho que este ano a luta vai ser tão renhida como no ano anterior, mas tenho receio que tenhamos que trocar o novo poste americano (do que tenho visto através da televisão e ao vivo, não me tem convencido). Pena foi, que tenhamos perdido o João Santos e o Will Frisby, mas confio, inteiramente, na equipa técnica e na secção para nos conduzir ao sucesso. Convém, também, salientar o extraordinário trabalho de formação que está a ser desenvolvido no basquetebol, sob orientação de Goran Nogic;
  • Em relação às assistências nos pavilhões da luz, o que me parece é que a média de idades é um pouco alta, reflectindo, talvez, o envelhecimento da população lisboeta (ao contrário dos jogos de futebol, acredito que nos pavilhões a esmagadora maioria dos espectadores seja da cidade de Lisboa). Uma nota para um grupo de espectadores que não faltam a um jogo e que têm um papel importantíssimo no apoio às diversas equipas durante os jogos;
  • Uma sugestão, ainda, para a direcção, no sentido de criar o sócio modalidades, sem a obrigatoriedade de ser sócio do futebol, tornando as modalidades mais independentes. Eu sou sócio modalidades mas, em tempos de crise, talvez não fosse má ideia a criação de uma nova opção que contemplasse somente o pagamento de uma quota modalidade;
  • Para finalizar, seria interessante que a Benfica Tv desenvolvesse conteúdos programáticos que visassem o esclarecimento das regras das diversas modalidades, nomeadamente, daquelas que as alteraram de forma mais drástica (por exemplo, o hóquei) o que tornaria mais interessante a visualização dos jogos, quer ao vivo, quer na televisão.

domingo, 24 de outubro de 2010

O jogo mais difícil do ano

Portimonense 0 - Sport Lisboa e Benfica 1

Este jogo, para mim, era o jogo mais difícil do ano. Após um jogo em que manifestamente todos os benfiquistas sofreram no seu orgulho, era importante que a equipa não vacilasse. E foi isso que aconteceu. O Sport Lisboa e Benfica mostrou uma consistência, a todos os níveis, notável. Que me lembre, só houve uma defesa do Roberto (por sinal, uma boa defesa) o que denota um bom trabalho de grupo; sim, porque foi o grupo que hoje esteve à prova, tendo passado com distinção.

Desculpa Vieira
tive que vir
 
Esteve bem Jorge Jesus na flash interview ao dizer que a força do Benfica é imparável e mais importante do que contabilizar os que estiveram é  relevar os que faltaram.
Parabéns aos adeptos presentes e parabéns à nossa direcção pela tomada de posição  (a qual, eu percebo inteiramente). Sabem, o S.L.B. é uma democracia desde sempre, mesmo quando vivíamos em ditadura.

O anti-benfiquismo

Como natural do Minho e tendo lá vivido muitos anos, penso que muitas vezes se confunde o anti-benfiquismo com o anti-Lisboa. Basta lembrar-me de vários amigos, nortenhos e benfiquistas, que detestam Lisboa e tudo o que, para eles, significa a capital.
Este preconceito baseia-se, fundamentalmente, na ignorância e na tentativa de arranjar um bode expiatório para todos os problemas mundanos que acometem o ser humano. Bem sei que este problema deve ser transversal a todos os países mas, convenhamos que, nem todos tiveram um indivíduo que passou toda a sua triste vida a semear ódios e a apelidar de "mouros" a quem vivia do Mondego para baixo.
Vivendo actualmente em Lisboa apercebi-me de o quão errados estavam os meus amigos em vários assuntos. Quando se fala que os ordenados são mais elevados, esquecem-se que o custo de vida é, igualmente, mais alto. Quando se fala, por exemplo, da saúde, no Norte os serviços são normalmente mais eficazes e organizados. Enfim, todas as cidades têm as suas peculiaridades. Agora, o que não é sério, é a tentativa de colagem do Sport Lisboa e Benfica ao anti-Lisboa, interpretado pelos dirigentes/indigentes do FCP, esquecendo-se que o Glorioso não é um clube de uma cidade, mas sim, um clube do mundo.


sábado, 23 de outubro de 2010

Rescaldo de Lyon

Tal como ocorreu com o Roberto, o tempo acaba sempre por clarificar as situações. Estou convencido que o Benfica vai ser apurado para os oitavos de final da Champions. Esta "quase certeza" advém do reconhecimento que faço da capacidade do nosso treinador. É arrogante? Bazófias? Ainda bem. Quero um treinador sem medo, desafiante, porque dessa forma podemos perder algumas vezes, mas acreditem, estaremos sempre mais perto da vitória final. Para aqueles que baixaram os braços, quero chamar à atenção que ganhando ao Lyon e ao Schalke 04, estaremos a fazer uma boa fase de grupos. Quanto à derrota em Lyon, realmente, não foi um jogo bem conseguido, mas, honestamente, o Benfica até consolidar o estatuto europeu, ainda vai perder mais jogos. Nada se consegue de um dia para o outro. Por fim, tenho para mim que, ao perder em Lyon, estaremos mais perto de ganhar outros jogos, igualmente, importantes (quem sabe se no Dragão).
Força Benfica e no dia 2 lá estarei na Sagres a vibrar, com a nossa vitória Benfica até debaixo de água...

O início

O meu benfiquismo vem desde muito pequeno. Provavelmente, desde o início. Como minhoto que sou, o contacto que eu tinha com o Benfica era através dos relatos da rádio, no dealbar dos anos 80. Já com 5 ou 6 anos lembro-me de ir ao velhinho Estádio 1º de Maio em Braga, agarrando os meus pais com uma mão e uma bandeira, com a outra. Eram tempos em que as camisolas do Benfica me pareciam ter um perfume especial, qual magia do Pai Natal. Lembro-me do Bento, do Carlos Manuel, do Valdo e de muitos outros. Recordo-me dos relatos inflamados executados no meu quarto, nos quais, o Benfica ganhava sempre. Mais tarde e como atleta federado, não perdia uma visita do Glorioso ao  estádio bracarense, onde, para entrar sem pagar, bastava mostrar o cartão de atleta, anteriormente solicitado aos responsáveis do meu clube. Eram tempos fantásticos. O estádio fervilhava de benfiquistas e só me lembro de bracarenses numa das centrais. Há medida que fui crescendo e me tornando adulto, muita coisa mudou, incluindo o Benfica, no entanto, o sonho manteve-se. O meu Benfica! Um clube com origens humildes mas que, com grande carácter e dignidade, se tornou gigante, maior que o próprio País. Ao olhar para trás, lembro-me do meu avô materno "colado" ao rádio, ouvindo o relato numa tarde de domingo; lembro-me dos abraços ao meu pai e à minha irmã, em pleno estádio da Luz, no decorrer do S.L. Benfica - Nápoles. Enfim, o Benfica sempre foi uma constante na minha vida e na da minha família e por tudo isto só tenho que dizer: obrigado Sport Lisboa e Benfica!