O objectivo na formação de um plantel no início de cada temporada deve ser conseguir ter dois bons jogadores por posição. Claro que, a composição do mesmo, depende de vários factores, nomeadamente, do sistema táctico a apresentar. Se a equipa joga com um avançado-centro não vale a pena ter cinco avançados no plantel. Muitas vezes, o erro é não definir correctamente o sistema táctico, esbanjando dinheiro na contratação de jogadores para posições que já estão devidamente preenchidas. Uma vez definido o sistema táctico, é preciso escolher jogadores com o perfil necessário para cada posição. Esta escolha dos jogadores deve passar pelo crivo do treinador e do gestor desportivo. Para além disso, e uma vez que estamos no dealbar das equipas B, é necessário ter em conta os jogadores mais promissores da equipa secundária na construção do plantel principal. Tendo em conta estes pressupostos, vejamos a situação do Benfica.
Qual o esquema táctico consagrado? Quando se tem jogadores como Aimar, Witsel e Carlos Martins no plantel, tudo leva a crer que o Benfica vá jogar em 4-2-3-1 uma grande parte dos jogos (praticamente todos os jogos fora de casa). Como alternativa, o treinador já testou o 4-4-2 e o 4-1-3-2. Para estes esquemas alternativos, o Benfica tem um jogador muito importante no plantel: Rodrigo. Os jogos caseiros, com equipas mais acessíveis, devem proporcionar o recurso a estas soluções.
Temos dois bons jogadores por posição no plantel?
Para qualquer um dos esquemas apresentados, o Benfica apresenta um bom jogador, excepto para o lado esquerdo da defesa. Em relação às segundas opções para cada posição, eu diria que na baliza Paulo Lopes dá garantias de substituir Artur Moraes, com qualidade, quando necessário. No lado direito da defesa temos outro problema, uma vez que Maxi Pereira não tem concorrência. No centro da defesa, Miguel Vítor e Jardel são garantias de qualidade. No lado esquerdo, Luisinho pode perfeitamente concorrer com um bom lateral esquerdo. Em relação à posição 6, Matic ainda não me convenceu, mas penso merecer nova oportunidade. Na posição 8, penso estar outra lacuna no plantel, porque Carlos Martins é um dez e deveria concorrer com Aimar na distribuição do jogo encarnado. Nas alas e na frente de ataque as opções são mais que muitas.
Têm os jogadores do Benfica o perfil desejado para cada posição?
Quando se fala que temos um problema no lado direito e no lado esquerdo da defesa, obviamente, estamos a esquecer que temos nos nossos quadros jogadores como Emerson, Capdevila e acabamos de vender o passe de Daniel Wass. A pergunta que se coloca é porque razão não foram estes jogadores aproveitados no nosso clube? Será que o seu perfil não coincide com o que é desejado para cada posição? Se isto é verdade porque razão foram contratados? Qual o papel de Jorge Jesus nestas aquisições?
Qual a influência que a equipa B pode ter na construção do plantel principal?
A qualidade de alguns jogadores da equipa B e a sua futura projecção deve estar na mente dos dirigentes, mas não encurtando o seu trajecto de forma potencialmente prejudicial. Assim, Mika é, claramente, um guarda-redes de futuro e deve jogar o mais possível, havendo a possibilidade de ser chamado à equipa principal, em caso de impedimento de algum dos outros dois. Cancelo é outro jogador com muito potencial e que deve ser progressivamente integrado na equipa principal, mas não a todo o custo e não querendo ver no próprio a solução para todas as maleitas. É um miúdo. Na minha opinião, a solução das laterais passaria por contratar um lateral de qualidade que pudesse fazer as duas bandas, integrando lentamente o Cancelo no plantel principal. No centro da defesa não vejo necessidade de ter dois centrais suplentes, sabendo-se que só um pode jogar com mais regularidade. O 4º central devia competir na equipa B. Sobre a posição 8, André Gomes é, claramente, aposta de futuro, e poderia ser chamado ao plantel principal sempre que houvesse necessidade. Para a posição 10, Miguel Rosa garante qualidade na substituição de Aimar ou Carlos Martins. Ivan Cavaleiro pode ter o mesmo papel em relação às alas. Cafú devia ser o 4º avançado da equipa principal.
Em esquema:
Artur Moraes
Paulo Lopes *
Mika**
Maxi Pereira Luisão Garay Contratação***
Cancelo** M. Vitor** Jardel Luisinho*
Javi Garcia
Matic
Witsel
Contratação
André Gomes**
Gaitan Aimar Ola John
B. César C. Martins* Nolito
Ivan Cavaleiro** M. Rosa**
Cardozo
Rodrigo
N. Oliveira*
Cafú**
* portugueses no plantel principal
** jogadores a competir na equipa B com integração progressiva na equipa principal
*** lateral que faça as duas alas com qualidade
Não coloquei o nome de Melgarejo porque não o vi no seu lugar e parece-me estar a ser bastante prejudicado com este impulso criativo, estando inclusivamente em causa o seu lugar no plantel.
Claro que se surgisse uma boa oportunidade de negócio para Gaitan, por exemplo, Enzo Perez podia fazer o seu lugar (ou Urreta). Cardozo podia, igualmente, ser substituído por Kardec. Desta forma, não há necessidade de ter no plantel jogadores que nada acrescentam e que só complicam o aparecimento dos jovens da equipa B (para além de aumentarem bastante os custos salariais).
A escolha do plantel tem que ser feita em função de um critério lógico e não em função de um qualquer impulso criativo ou desejo de um empresário.