Analisar jogos de futebol, em Portugal, sem falar da influência das equipas de arbitragem é utópico. Presenciei o Benfica - Beira-Mar no Estádio da Luz e fiquei com a sensação que o Benfica, na óptica de Rui Costa, (árbitro do Porto com historial muito negativo para o Benfica) ganharia o jogo. Há análises arbitrais que são, muitas vezes, difíceis de objectivar mas nos pequenos pormenores Rui Costa decidiu sempre a favor do clube da casa. Pode questionar-se, mas foi pelo árbitro que o Benfica ganhou? Não, não teve influência directa no resultado mas, indirectamente, os jogadores apercebem-se quando o árbitro, por assim dizer, está "controlado" e isso é fundamental para transmitir confiança à equipa. No Domingo, a exibição da equipa de arbitragem no clássico das Antas foi escandalosamente "caseira". O FCP precisaria desse "empurrão" para sair vitorioso? Provavelmente, não. Mas o que é certo é que assinalar aquelas duas grandes penalidades destrói animicamente qualquer equipa. Jorge Sousa e a restante equipa mataram a credibilidade daquele jogo. Tiraram glória aos vencedores e credibilidade ao jogo. Já, anteriormente, referi que, para mim, o FCP é o principal candidato ao título nacional porque manteve a estrutura, perdendo o melhor jogador, ao invés do Benfica que "assassinou" o seu meio-campo. O tempo tem-me vindo a dar razão, uma vez que os jogos do Benfica são constrangedores. Não me fio na actual classificação porque o campeonato português não coloca grandes dificuldades às equipas grandes, não possibilitando dessa forma, o estabelecimento de grandes diferenças entre elas. Penso que a Champions pode funcionar como um barómetro mais seguro em relação à real capacidade das equipas e nesse caso não acredito que o Benfica seja apurado para a próxima fase. Arrisco mesmo, que dificilmente ganharemos algum dos jogos que ainda faltam disputar (oxalá esteja enganado!). Voltando ao tema da arbitragem e ao campeonato nacional, o favoritismo do FCP tem que se basear, somente, na capacidade futebolística e não na influência da arbitragem. Ora é, precisamente, neste aspecto que a competição inquina em Portugal desde que eu me lembro de ver futebol. Eu não consigo perceber na maioria dos campeonatos se o maior mérito da sua conquista pelos azuis e brancos se deve à sua real capacidade ou à influência da arbitragem. Quando as escutas do apito dourado se centram num período de ouro do FCP (vencedores da Liga Europa e Champions com Mourinho) como não duvidar da veracidade das classificações nesses e em outros campeonatos em que as equipas não eram tão boas ou tão bem treinadas? Provavelmente, estamos em presença de um fenómeno sinérgico, em que a capacidade das equipas é potenciado pela influência das arbitragens. Ontem, Jorge Sousa foi como que uma enzima, catalisando o jogo do FCP. Pena que não se tenha limitado a ser árbitro.