Se se confirmar o que vem escrito na capa do jornal Ojogo, um vice-presidente do Benfica mentiu despudoradamente na televisão. Se o Benfica ganhar com a transferência de Witsel cerca de 30 milhões de euros, isto significa que o Vice da nossa direcção, Rui Gomes da Silva, perdeu qualquer legitimidade para representar o clube. De há uns anos a esta parte o Benfica gasta muito e ganha imenso. É um regabofe de negócios. Alguns proveitosos para o clube e outros, absolutamente, trágicos. Há, no entanto, alguém que ganha sistematicamente; falo, obviamente dos intermediários negociais. Gente como Jorge Mendes; gente que destrói os clubes de futebol, à medida que a sua riqueza alastra, qual erva daninha. Muito me entristece ver o Benfica envolvido, até às entranhas, neste mundo obscuro. Quando um estrangeiro observa o Benfica, pensa que se trata de um dos clubes mais ricos do mundo, em virtude das suas vendas fabulosas, no entanto, não sabe que o clube alimenta uma série de intermediários em cada um dos seus magníficos negócios. Intermediários que o sugam até ao tutano e que fazem com que as suas contas se encontrem no limbo. Quando olho para o Benfica, actualmente, penso nos clubes argentinos. Penso na alegria por eles emanada aquando da transferência de uma das suas pérolas para o velho continente. Venda essa, que servia para colocar o clube mais fraco desportivamente e, ao mesmo tempo, dar alimento a sanguessugas. Veja-se o estado a que chegou o River Plate. Anos de "vendas fabulosas" que encobriam gestões danosas. Neste futebol moderno, os clubes ficam cada vez mais pobres e os empresários cada vez mais ricos. Detesto o futebol moderno e tudo o que ele representa. Anseio pelo momento em que o Benfica aposte, declaradamente, em jovens da sua formação ou adquiridos em tenra idade. Jovens como Cancelo, Miguel Vítor, Leandro Pimenta, Bruno Gaspar, Cafú, Mika, Oblak, Carole, André Almeida, André Gomes, Ivan Cavaleiro, Miguel Rosa e muitos outros. Se passamos a vida a potenciar jovens jogadores, porque não potenciar-mos os nossos. Claro que, tínhamos de mudar o actual paradigma. Tínhamos de blindar o balneário à influência dos empresários, para que, quando um dos nossos jovens concorresse com um jogador agenciado por um determinado empresário, essa influência não fosse decisiva para a sua escolha.