Se eu pouco acredito em jornalismo isento, ainda menos acredito em jornalismo desportivo isento. Há jornalistas que são do Benfica, outros do SCP e outros do FCP. Para complicar as coisas, existem as linhas editoriais dos media. Para simplificar, os media pertencem a poucos grupos económicos, o que torna mais fácil a detecção da linha editorial. A sensação que é transmitida pelos jornalistas é que obedecem às linhas editoriais, tornando a isenção mero objecto decorativo. Que fique claro, as opiniões de jornalistas, ex-árbitros, ex-jogadores de futebol, operários fabris ou médicos, que pululam nos media, são na esmagadora maioria lixo (algum quase que tóxico!). Servem para defender os seus clubes, os seus interesses económicos ou os seus patrões. Quem tiver dúvidas, basta aceder às suas contas nas redes sociais, e deliciar-se com a sua isenção. Outro pormenor interessante é a amnésia que esta gente sofre. Quando analisam o trabalho de um árbitro, esquecem todo o seu historial. Parece que o árbitro acabou de aterrar em Portugal e todos os seus erros são desculpáveis, porque é normal o erro humano. Infelizmente, quem tem memória retrógrada lida pior com estes assuntos. É que, lembra-se do que estas criaturas fizeram ao longo dos anos. Lembra-se da angústia sofrida por decisões absolutamente inenarráveis. Lembra-se das escutas do apito dourado. Lembra-se das viagens para o Brasil. Lembra-se do controlo da arbitragem pela AFP. Lembra-se das homenagens a Proença (após benefício do FCP no jogo do título da época passada) e Benquerença, prestadas pela AFP. Lembra-se da conquista do campeonato da época passada por um dos piores treinadores de futebol de que tenho memória (o que, até para os meus amigos portistas, se tornou difícil de explicar). Enfim, que sorte que os jornalistas desportivos têm; é que eles não se lembram!