Quem nasceu e cresceu no Norte de Portugal tem muita dificuldade em perceber o desfasamento entre a importância atribuída ao Sporting pela comunicação social e o número de adeptos, do clube, espalhados pelo País. Não havia muitos adeptos do Sporting, entre os meus conhecidos, há cerca de 30 anos atrás no Minho, por exemplo. Calculo que a evolução, nos últimos 30 anos, não tenha sido favorável para o clube leonino. O Sporting é um clube da capital, com nichos de adeptos espalhados pelo País e com grande dificuldade de penetração nas camadas mais jovens da população. Quando se vê, permanentemente, programas dedicados ao SCP na televisão portuguesa, apreende-se que o Sporting é um clube com adeptos pertencentes a uma dita "elite" com "free access" aos media.
Ontem, pela milionésima vez, houve um debate sobre a dita "situação do SCP", no novo canal "Abola TV". Mais uma vez ficou claro o autismo da maior parte dos adeptos do Sporting, parecendo que vivem num universo paralelo. Um deles, ligado às causas monárquicas, chegou ao ponto de referir-se ao Benfica como o " clube que se encontra em frente ao continente" e do qual " só queria 4 jogadores para o seu clube". Esta pseudo-superioridade é interessante porque transmite um traço cómico a estes programas. Quem duvidar do estado mórbido do SCP basta atentar às declarações do presidente Pinto da Costa que se revelou um atento necrófago, planando sobre o vulto inerte. É que, convém realçar que o desaparecimento do SCP, como clube ganhador, só interessa ao FCP, numa lógica de bipolarização Norte-Sul.