No final da época 2009/10 era consensual que a equipa encarnada tinha sido a melhor intra-muros. Tinha havido uma forte concorrência do S.C.de Braga e uma ligeira de um FCP em fim de ciclo. Era, na minha opinião, a altura certa para criar hegemonia a nível nacional, contrariando o reinado de um FCP fragilizado pela imagem do seu presidente. No que diz respeito às competições europeias, era consensual que o Benfica tinha uma boa base que necessitava de ser reforçada para cumprir com os pergaminhos do clube. Se esta era a análise lógica para abordar a época 2010/11, o que se passou no mercado de transferências foi verdadeiramente desmoralizante. Assim:
- Não se contratou nenhum lateral direito para concorrer com Maxi Pereira,
- Vendeu-se Di Maria, que não tinha qualquer concorrente na época anterior, e contratou-se Gaitan (bom jogador, mas não extremo esquerdo),
- emprestou-se Urreta ao Deportivo,
- vendeu-se Ramires sem salvaguardar a aquisição de outro jogador para a mesma posição.
Ao iniciar a época, todos sabíamos que o Benfica estava mais fraco. Mas se todos sabíamos, porque é que a política desportiva do clube foi tão errática?
Porque razão é necessário subir Coentrão para médio esquerdo? A resposta é simples. Porque não temos nenhum. Vendemos Di Maria, emprestámos Urreta e não fomos contratar nenhum jogador para esta posição.
Qual é a alternativa para Ramires? Com Rúben lesionado, resta adaptar Carlos Martins. E Salvio? Bom jogador, mas não entendo a utilidade da sua aquisição. Não era o jogador que o Benfica precisava.
Para constatar o que acabei de escrever basta imaginar o onze ideal encarnado. Por certo 9 jogadores são indiscutíveis e de indiscutível qualidade, no entanto, já é preciso ser imaginativo para preencher os dois lugares em falta (médio/ala esquerdo e direito). Ora imaginativo tem sido nosso treinador, com resultados positivos em muitos jogos, no entanto, milagreiro não é.
Antes que se individualize Jorge Jesus como o verdadeiro culpado desta situação, era bom que se soubesse de quem foi a responsabilidade de tão má planificação da equipa para esta época.
Afinal, o desastre estava à vista de todos e se no final da época não for maior, é porque temos um grande treinador.